12 de jul. de 2017

CALLADO, NA IDADE DA RAZÃO

Prestes a completar 50 anos de vida (em novembro), o compositor, cantor e guitarrista alagoano Luiz Eduardo Calado celebra seu tempo com uma plenitude holística – humana e artística. Sua trajetória musical mantém sempre em progresso, com a experiência e sabedoria que lhe apontam os melhores caminhos com os meios mais adequados.

Um dos poucos reminiscentes na ativa desde a cena seminal dos anos 90 em Maceió, Calado expõe como influências marcantes em seus trabalhos o pós-punk britânico e o rock alternativo americano. Formou e participou de várias bandas e projetos com seu peculiar senso melódico e lírico. Agora em 2017 grava e lança um disco com uma produção mais esmerada, no sistema de captação de recursos via crowdfunding.

Calado nos conta um pouco da sua história e convida aos leitores e amigos a participarem desse novo projeto em execução. Vamos nessa?!


O começo
“Desde muito cedo despertei para a música. Inicialmente como ouvinte do rádio que tínhamos em casa e depois dos discos do meu primo Claudio. Na adolescência junto com esse mesmo primo comecei a tocar violão e a compor. Já com vinte e poucos anos em 1989, encontrei o Eduardo Bahia e desse encontro nasceu a banda Stonegarden, que fazia tecnorock e causou sensação aqui no estado (Alagoas), através da execução de várias músicas pela antiga rádio Cidade. Mas depois de quatro anos encerramos as atividades. Cheguei a tocar com a 70th Blight, banda pós punk emblemática aqui de Alagoas. Também fiz parte da meteórica Gosh, formada por Antonella, Fernando Coelho e Eu. Além de ser o fundador da banda Kaddish. Em 2013 depois de muitas idas e vindas e com apoio total de Fernando Coelho, eu lancei um Ep chamado The three C sessions (Ver links abaixo), o Ep teve boa repercussão me alentando a lançar mais dois Eps e fechar uma suposta trilogia de registro de minha caminhada. Todas as canções são em inglês e versam sobre uma melancolia do fazer parte e não se reconhecer presente. Distância, imensidão, saudade, depressão, testemunhos diários da minha inutilidade e estupidez”.

Sobre o momento de chegar aos 50 anos ainda em plena produção musical
“Agora em 2017, para comemorar a chegada aos 50 anos, decidi juntar as economias, abrir uma campanha crowdfunding e me lançar ao campo de batalha de novo. Sim por que criar é um parto, produzir é uma batalha. Vivemos tempos difíceis, tempos incertos, mas não se pode simplesmente aceitá-los e não continuar criando e produzindo. Esse meio século de vida me trás uma sensação de café com leite em dias frios, me faz sentir mais vivo, estar chegando aos 50 ainda criando e produzindo. Ter chance de trabalhar com pessoas tão amáveis e criativas como Dinho Zampier, João Paulo, Dacio Messias, Fernando Coelho, só me dá certeza de que caminhei com razoável fidalguia até a este momento e que ainda tenho o que mostrar”.

Analisando sua trajetória musical – erros e acertos.
“Na minha trajetória acredito ter vivido, experienciado tudo o que me foi proposto... Não fugi do combate. Entre erros e acertos eu vivi e aprendi, curti o momento, mesmo que na hora dos erros e derrotas eu possa não ter tido essa visão. Mas nada como o tempo para mostrar que erros e acertos, assim como partida e chegada, fazem parte da mesma viagem”.




A atual cena musical alagoana
“Atualmente aqui em Maceió, Alagoas, está se vivendo uma profusão de bandas e artistas em diversos segmentos, tem-se boas casas para shows, há a fomentação diária de publico e que faz com que se acredite que a cena local tem sim qualidade e grandes chances de atingir a maioridade. Nomes consagrados como Wado, Mopho, Vitor Pirralho, Figueroas, junto com os emergentes e instigantes: Ximbra, Favela Soul, Tequila Bomb, Yo Soy Toño, entre outras preciosidades. Em fim, muitas opções, muitas vertentes”.



Mercado brasileiro atual da música.
“Sempre consumi música, desde pequeno como já citei antes. O que estou testemunhando e também participando é da mudança constante e atualmente acelerada da forma como se consome a arte, em particular a música. O mercado hoje em dia é muito mais segmentado, muito mais ilha no sentido de se ter nichos e quase sempre isolados. Além da velocidade de aparecimento de artistas e materiais novos. Concordo que seja difícil de acompanhar tudo o que acontece, mas enquanto houver pessoas consumindo ou simplesmente se emocionando com música (mesmo que seja o próprio artista), então acredito que valha estar criando/produzindo”.

Projeto colaborativo para obtenção de recursos para gravação do disco.
“Sobre o crowdfunding da kickcante que abri para ajudar no financiamento do meu Cd é mais uma prova de que as relações e formas de consumo, contato, interação entre as pessoas, mudaram. Tinha resistência inicial, mas pelo medo de não entender ou dominar a ferramenta do que por qualquer outra coisa. Depois que você percebe-se agente de seu próprio processo, seja ele qual for, tudo faz sentido e você fica se perguntando, por que não fiz isso antes?”



O que ainda o influencia como artista.

“Basicamente o que me influencia como artista ou promotor artístico é a paixão, sentimento... A sensibilidade de achar que entendo ou de querer entender as coisas que me cercam ou que me fazem sentir”.







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